Em Maio de 2014 saiu uma matéria bem bacana com a designer Renata Moura. Confira a entrevista na íntegra:
Na faculdade, a jovem se dedicou bastante aos estudos. Durante a graduação, fez 10 estágios - às vezes dois ao mesmo tempo - e, quando eu queria muito trabalhar em algum lugar, se oferecia para estagiar sem remuneração. Nos períodos em que era remunerada, usava todo o salário e as horas vagas para investir na carreira, criar produtos novos, inscrever projetos em concursos e, como não poderia ter sido diferente, os resultados desse empenho começaram a aparecer “Uma hora tudo o que se planta começa a ser colhido”, diz.
Perfil
Renata Moura
Renata Moura
Por Lívia Inácio
Renata Moura ainda fazia estágio quando soube que havia ganhado o primeiro prêmio nacional de sua carreira. A notícia chegou por e-mail. O Salão Design Movelsul entrou em contato com a designer, que havia se formado em desenho industrial pela PUC/PR há apenas duas semanas, para parabeniza-la pelo sucesso do projeto da mesa para telefone “TRIIIM”. A jovem não se conteve. Naquela noite mesmo, contou a novidade ao chefe, um dos seus maiores incentivadores, e, dividida entre a festa no escritório e a farra afoita que coloriu seu ânimo, avisou a família e os amigos, toda palpitante. Era alegria suficiente para uma vida inteira, mas a trajetória profissional de uma das mais proeminentes designers do Brasil estava só começando.
Entre prêmios e indicações, Renata, aos 33 anos, já agrega em torno de 29 momentos de triunfo como esse. O sucesso não chegou por acaso. Desde a infância, o design a acompanhou com tanta regularidade, que a menina não teve escolha: prendeu seus olhos no mundo das formas e, invertendo a ordem das coisas, resolveu segui-lo.
Aos três anos de idade, a menina já gostava de prestar atenção às conversas dos pais e do arquiteto escolhido para fazer o projeto da casa da família. Aos sete, viu uma cadeira Panton dos anos 1960, enquanto folheava uma revista de decoração da mãe, e ficou entantada “Mais tarde descobri que foi a primeira cadeira feita em plástico injetado, criada pelo designer dinamarquês Verner Panton”, lembra.
Até a adolescência, a mãe de Renata costumava leva-la junto com os irmãos para conferir exposições de arte e comprava livros e revistas de decoração para a filha. Esse contato avigorou sua aptidão para a área. Assim, desde muito pequena, a designer já sabia bem o que queria ser quando crescesse.
Hoje, já reconhecida, Renata pode curtir suas horas vagas de maneira mais livre. Entre as práticas de yoga, visitas a feirinhas de antiguidades e programas descontraídos com os amigos, a inventiva moça recarrega suas energias nos pequenos prazeres cotidianos e jamais dispensa uma boa conversa acompanhada de uma boa música.
Ainda assim, para Renata, o trabalho é prioridade. O expediente em seu escritório, em São Paulo, começa às 09h30 da manhã. Antes do almoço, ela costuma trabalhar com sua equipe e aproveita as tardes para reuniões. A correria da designer não para por aí. Quando não tem nenhum compromisso à noite, acaba estendendo a rotina “A noite é o período em que eu mais rendo”, revela. Nada mais agradável para uma profissional cuja meta sempre foi fugir da monotonia. Em meio ao dia a dia apertado, Renata procura inspirações em suas andanças.
Para impulsionar sua dinâmica criativa, pelo menos uma vez a cada dois meses, ela viaja no intuito de acompanhar protótipos em fábricas para as quais presta serviço. Com metas bem definidas, Renata gere o próprio escritório buscando influenciar as pessoas positivamente e conceber experiências novas no ramo em que atua. Com pós-graduação em Design Emocional pela PUC/PR, a designer resolveu estudar os aspectos afetivos de um produto para depois descobrir que já trabalhava mediante esta ótica “Durante o curso, passei a ter mais conhecimento sobre o tema e a descobrir de que forma ele poderia me ajudar a aprimorar o meu trabalho”, conta.
A catarinense de Joinville é apaixonada por cada item que cria. Por isso confessa ter muita dificuldade em escolher seus favoritos “Deve ser tão complicado quanto escolher um filho predileto”, brinca. Ainda assim, com um aperto no coração, Renata revelou à Lush alguns de seus queridinhos, embora, para ela, cada projeto tenha uma importância ímpar. O puff Goma, por muito tempo, foi sua menina dos olhos. Gracioso, ele foi exposto no mundo inteiro e rendeu muitos prêmios e mídia espontânea para a brasileira. O Brastemp Retrô também marcou a carreira da jovem por ter sido produzido em larga escala para uma empresa tradicional que, inclusive, foi precursora do retrô no Brasil. Hoje, em meio a um intenso fluxo de trabalho e novidades surgindo – o estúdio de Renata criou em torno de 20 produtos e 50 materiais gráficos para vários clientes só no ano passado - a menina talentosa divide também sua preferência entre o banco Sela, o Rock’n Bowl e o balanço Trama.
Os produtos mais recentes da moça são a linha Base, para a Renar Móveis, que contempla rack, buffet, mesa de jantar, mesa lateral, aparador, banquinho, banqueta, mesa de centro, cavalete, adega e painel de TV. Além de criar as peças, sua equipe faz estudos cromáticos interessantes que mudam completamente a cara dos móveis de acordo com o acabamento que recebem “Meu plano é fazer cada vez mais trabalhos legais e significativos”, adianta.
Acostumada a premiações grandes, como a do Museu da Casa Brasileira, Renata não esconde a alegria que sente toda vez que vê suas criações sendo reconhecidas. Além das recompensas diretas, as condecorações mediatas a enchem de orgulho. O Puff Goma, por exemplo, foi usado em uma edição do programa Domingão do Faustão e no Big Brother Brasil. A sensação de Renata ao ver seu “filhote” exposto para milhões de pessoas foi quase que indescritível. Quase não cabendo em si, a moça confessa, num orgulho brando e gentil, que adora quando isso acontece “É delicioso!”.
Link para esta edição da revista Lush: www.revistalush.com.br
Muito obrigada pessoal da Lush, à jornalista Lívia Inácio e à Prime Comunicação!
